O mercado de entretenimento tailandês encerra 2025 com uma ferida aberta que continua sangrando: a crise sem precedentes na IDOL FACTORY, produtora responsável por alguns dos maiores fenômenos recentes das séries BL e GL. Em poucos meses, a empresa passou de queridinha do público a símbolo de caos administrativo. Entre denúncias de dívidas milionárias, saída de artistas de grande relevância e declarações oficiais repletas de acusações e lacunas, a IDOL FACTORY tenta sobreviver a um colapso interno que, inevitavelmente, se tornou público.
O drama tomou proporção nacional quando a saída de atrizes renomadas coincidiu com a renúncia do ex-presidente Saint Suppapong, revelando rachaduras profundas na administração. Logo em seguida, relatos de pagamentos atrasados começaram a circular, culminando em cifras que ultrapassam os 30 milhões de baht. A partir daí, a questão deixou de ser um rumor e se transformou em uma crise institucional que ameaça a permanência da produtora no mercado.
A saída de Freen Sarocha e Becky Armstrong como catalisador da crise
A decisão de Freen Sarocha e Becky Rebecca Armstrong de não renovar seus contratos marcou o ponto inicial de uma ruptura irreversível. Ambas haviam conquistado enorme popularidade graças ao sucesso de GAP The Series e ao ship FreenBecky, tornando-se os rostos mais influentes da produtora. Quando a IDOL FACTORY anunciou o encerramento das relações contratuais sem fornecer detalhes, o público imediatamente desconfiou de uma turbulência maior.
Pouco depois, a empresa comunicou oficialmente que Saint Suppapong estava deixando o cargo de presidente e abandonando todas as funções relacionadas à gestão interna. O anúncio gerou ainda mais dúvidas sobre o que estava acontecendo nos bastidores, especialmente porque a justificativa apresentada parecia vaga e insuficiente para explicar mudanças tão bruscas
O comunicado de Saint Suppapong e o início das especulações
Saint tentou esclarecer sua posição em um comunicado público, afirmando que não tinha mais qualquer envolvimento com a empresa e que abriu mão de suas ações para “começar do zero”. A frase que despertou mais atenção, entretanto, foi a que mencionava sua “incapacidade de participar de decisões importantes”, sugerindo que falhas internas já vinham se acumulando e afetando diretamente o funcionamento da produtora. Esse detalhe ampliou as suspeitas sobre erros administrativos graves, possivelmente relacionados às denúncias que surgiriam na sequência.
A coletiva de Becky Armstrong e a revelação da dívida milionária
A situação atingiu um novo patamar quando Becky Armstrong, acompanhada de seu advogado, falou abertamente sobre a dívida da empresa durante uma coletiva no B New Era Birthday Concert. Pela primeira vez, a atriz confirmou que a IDOL FACTORY acumula mais de 20 milhões de baht em pagamentos atrasados, um valor que se arrasta desde o início de 2025. Becky relatou que recebeu quantias mínimas ao longo do ano, muito abaixo do que estava estipulado em contrato, e que, apesar de diversas cobranças formais, nenhuma solução foi oferecida.
Sua declaração, direta e emotiva, revelou o impacto pessoal e profissional dessa situação. Becky afirmou ter ficado surpresa com o montante total da dívida e reforçou que decidiu seguir pelo caminho jurídico após meses esperando uma resolução que nunca veio. A coletiva também trouxe outra consequência importante: a paralisação completa da série The Air, parte do projeto 4 Elements. Segundo a atriz, a produção só poderá continuar caso um novo contrato seja estabelecido, totalmente desvinculado do anterior, e isso depende agora de negociações legais.
A nota oficial da Solenn Entertainment e o impacto jurídico
No dia 01 de dezembro, a Solenn Entertainment, nova agência de Freen Sarocha, deu o tom do que estava por vir: problemas financeiros sérios. Em comunicado, a empresa afirmou que Freen sofreu prejuízos relacionados a compensações não pagas durante o período em que ainda estava vinculada à IDOL FACTORY. O texto reforçou que a rescisão ocorreu de forma legal e transparente, e que todas as provas já estão reunidas para ações judiciais.
Ao solicitar que detalhes adicionais não fossem divulgados até o avanço do processo, a Solenn deixou claro que o caso pode se tornar ainda maior do que já parece. A declaração da agência elevou oficialmente a crise da IDOL FACTORY ao âmbito jurídico, transformando simples rumores em questões legais concretas.
Manifestações de produtores e diretores revelam que o problema é ainda maior
O terremoto institucional não se limitou às atrizes. O produtor musical PinPin confirmou publicamente que também não recebeu pagamentos referentes a trabalhos realizados para a empresa. Ele afirmou que continuou colaborando apenas por respeito aos artistas, ressaltando que espera uma solução financeira em breve.
A crise ganhou um contorno ainda mais alarmante quando o diretor Bandit Thongdee publicou que uma produtora — amplamente entendida como sendo a IDOL FACTORY, deixou de pagar atores, equipe técnica e diretores. A denúncia provocou a intervenção da Federação Nacional de Associações Cinematográficas (NFMP), que anunciou que as produções da empresa serão colocadas em lista negra e proibidas de exibição até que todas as dívidas sejam regularizadas. Essa decisão representa um golpe direto na capacidade da produtora de comercializar suas obras no mercado interno e externo.
Consequências imediatas e o colapso das futuras colaborações
A IDOL FACTORY havia declarado, em outubro de 2025, que continuaria aberta a colaborações com Freen e Becky por meio de acordos de projeto. No entanto, após as revelações públicas feitas pela atriz, essa possibilidade tornou-se improvável. A existência de dívidas milionárias, aliada ao desgaste institucional, praticamente inviabiliza qualquer negociação futura. Ainda assim, Becky demonstrou gratidão pelas oportunidades durante seus quatro anos e meio na empresa, enfatizando que respeito profissional inclui o pagamento devido pelo trabalho realizado.
Um futuro incerto para a produtora
À medida que processos judiciais avançam e novas denúncias continuam surgindo, o futuro da IDOL FACTORY torna-se cada vez mais imprevisível. O impacto na credibilidade da empresa é profundo, tanto no âmbito local quanto internacional, especialmente em um mercado no qual a confiança entre artistas, produtores e público é fundamental.
Enquanto isso, fãs, profissionais da indústria e veículos de imprensa observam atentamente a queda de uma empresa que, até pouco tempo atrás, era celebrada por seu potencial criativo.
Neste momento, a pergunta central permanece sem resposta: a IDOL FACTORY conseguirá emergir dessa crise devastadora ou estamos testemunhando o fim de uma da produtora que mudou a industria do GL?
